



Secretário de Estado de Saúde, Pedro Pascoal, aposta na “evolução” para o terceiro setor | Imagem: arquivo ac24horas
Hospital Regional do Juruá X Hospital Wildy Viana
Nesse cenário, o Hospital Regional do Juruá foi apontado como um exemplo a ser seguido. Abrangendo uma população quase três vezes maior do que o do município de Brasiléia, com 230 leitos de enfermaria, centros cirúrgicos 24 horas por dia, 10 leitos de UTI para adultos, 4 leitos semi-intensivos pediátricos, o Hospital Regional do Juruá, uma OSCIP administrada pela Associação Nossa Senhora da Saúde (Anssau), teve custo anual orçado em R$ 64.511.704,81 no exercício de 2023). O custo mensal foi calculado em R$ 5.375.975,40. Um valor per capita de R$ 22,38.
O outro exemplo é a Prefeitura de Rio Branco. A Unidade Básica de Saúde existente dentro do sistema prisional era de competência do Estado. O prefeito Bocalom quis administrar a unidade. A partir desta decisão, os R$ 166 mil mensais passaram a cair na conta do Município de Rio Branco. A lógica do prefeito seguiu o seguinte raciocínio: “mais responsabilidades, no entanto, mais recursos”.

Custo anual – R$ 64,5 milhões
Custo mensal – R$ 5,3 milhões
Custo per capita – R$ 22,38

Custo anual R$ 43,7 milhões
Custo mensal R$ 3,6 milhões
Custo per capita R$ 49,51
“O Estado não iria se omitir”, assegura secretário

Sesacre garante que o Estado não iria se omitir em auxiliar as prefeituras | Imagem: arquivoac24horas
Hospitais e Municípios atingidos com medida
Hospital Dr. Ary Rodrigues Senador Guiomard
Hospital João Câncio Fernandes – Sena Madureira
Hospital Sansão Gomes – Tarauacá
Hospital Dr. Manoel Marinho Monte – Plácido de Castro
Hospital Epaminondas Jácome – Xapuri
Hospital Geral de Feijó – Feijó
Hospital Wildy Viana – Brasileia
“Isso é temeroso”, afirma o presidente da Comissão de Saúde da Aleac
O parlamentar, que também já foi presidente do Sindicato dos Trabalhadores em Saúde do Acre (Sintesac), avalia que a municipalização torna o trabalhador mais vulnerável quando submetidos às regras das OSCIP’s, OS’s, e OSC’s. “Não vejo nenhuma vantagem. Vejo o processo com preocupação. Caso aconteça, a tendência é de piora”.

Presidente da Comissão de Saúde da Aleac, deputado Adaílton Cruz, considera um retrocesso e que prefeitos não têm financeiro e nem equipes com condições técnicas de assumir os hospitais | Imagem: Sérgio Vale
Por que a polêmica?
Do ponto de vista trabalhista
1) O trabalhador de uma Organização da Sociedade Civil de Interesse Público (OSCIP); de uma Organização Social (OS) ou de uma Organização da Sociedade Civil (OSC) não é servidor público. Não tem estabilidade.
2) O trabalhador não tem, obrigatoriamente, um plano de cargos, carreira e remuneração
2) O grupo ou conselho de administração é quem define onde, quando e quanto comprar. Com um detalhe: a maior parte da verba é pública. No caso específico do Acre, caso a municipalização se efetive, toda a verba será do Governo do Estado.
3) A falta de burocracia que proporciona agilidade é a mesma que permite desvio de recursos públicos. O Tribunal de Contas da União apontou uma série de fatores que favorecem corrupção especificamente para organizações que atuam na área da Saúde.
4) O TCU já analisou a atuação desses organismos do terceiro setor na relação com o poder público em todo país. E o diagnóstico não é nada favorável. Destaque para a percepção de um marco normativo difuso (o que aumenta risco de fraude e corrupção). O TCU também constatou irregularidades na execução de diversos contratos.
