Cruzeiro do Sul, Acre, 29 de abril de 2024 02:22

Coroação de um prodígio – Campeão mais jovem da Fórmula 1 com ultrapassagem na última volta

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Aos 24 anos, Max Verstappen vence campeonato de Fórmula 1 e consolida sucesso de carreira precoce
Aos 24 anos, Max Verstappen vence campeonato de Fórmula 1 e consolida sucesso de carreira precoce

Campeão com ultrapassagem na última volta

Max Vertasppen se consagrou como o mais jovem campeão da Fórmula 1, neste domingo (12) em uma corrida surpreendente. Lewis Hamilton e o holandês chegaram à prova de Abu Dhabi empatados em 369,5 pontos. O piloto da Red Bull tinha a vantagem de ter mais vitórias na temporada e ainda largou na frente.

O britânico, no entanto, não deixaria escapar seu oitavo título mundial tão facilmente. Logo na primeira volta, ultrapassou o rival, que deu o troco, jogando o carro para cima de Hamilton. Os dois quase se tocaram, mas piloto da Mercedes foi para fora da pista e voltou à frente da Red Bull. Verstappen reclamou, e os comissários decidiram que Hamilton não precisaria ceder a posição ao holandês, apenas devolver a vantagem ao rival.

Ainda assim, o britânico conseguiu abrir uma larga vantagem. No entanto, Sérgio Perez, companheiro de Verstappen na Red Bull, entrou em cena. O mexicano deixou Hamilton se aproximar e dificultou a vida do britânico. Eles trocaram posições em uma disputa franca, que favoreceu Verstappen.

Apesar das investidas da Red Bull, o piloto da Mercedes seguia na frente, e a vitória parecia encaminhada até a 53ª de 58 voltas. Mas a batida de Nicholas Latifi (Williams) após disputa com Mick Schumacer (Hass) e o safety car na pista mudaram toda a história.

Quando o safety car saiu de cena, Verstappen foi para cima de Hamilton na última volta e conseguiu sua única ultrapassagem na corrida inteira. Quando o holandês recebeu a bandeira quadriculada, só conseguiu gritar de emoção. Ali escreveu seu nome na história da Fórmula 1, como o mais jovem piloto a conquistar um título mundial.

É inacreditável. Em toda a corrida, tentei brigar por isso. O que aconteceu na última volta… Inacreditável. É insano. Eu não sei o que dizer. Tenho que agradecer à equipe, amo eles demais. Desde 2016, estamos trabalhando juntos. Finalmente, uma boa sorte para mim. Tenho que agradecer ao Checo [Sérgio Perez, que fez um excelente trabalho como companheiro de equipe.”

Max Verstappen, após o GP de Abu Dhabi

HAMAD I MOHAMMED/REUTERSHAMAD I MOHAMMED/REUTERS

Filho de pilotos, Max viu carreira da mãe só por fotos

Jos Verstappen, pai de Max, disputou oito temporadas de Fórmula 1 por sete equipes. Já a mãe do piloto, Sophie-Marie Kumpen, foi uma conceituada kartista, caminho também trilhado pela irmã mais nova do holandês. Difícil seria Max seguir por um caminho diferente.

Belga, Sophie deu ao filho o carinho de que precisava. Entretanto, em entrevista ao UOL Esporte, o piloto disse que foi o pai quem o guiou pelas pistas. “Ela sempre esteve ao meu lado, me apoiando, mas, basicamente, eu sempre fiz tudo junto do meu pai. Ele conhecia muito de kart e também tinha a experiência de ter sido piloto de Fórmula 1, por isso naturalmente foi ele quem me guiou”. A entrevista foi concedida a Julianne Cesaroli, da coluna Pole Position, quando Max tinha 17 anos.

Jos e Sophie se divorciaram em 2008 —o menino tinha 11 anos à época—, em meio a uma batalha judicial: a belga acusou o holandês de violência doméstica. Sophie, que chegou a ser bicampeã belga de kart e a bater pilotos que chegaram à Fórmula 1, como Jarno Trulli, em competições europeias, abandonou as pistas após o casamento com Jos, em 1996. Max, portanto, nunca viu a mãe competindo.

“Claro que eu não estava por perto quando ela estava pilotando, mas era legal ver as fotos.”

Mark Thompson/Getty Images

Holandês sentia tédio por ficar em terceiro o tempo todo

Max Verstappen começou a correr aos quatro anos e, tido como um fora de série, atraiu investimento, contou com o networking de seu pai e logo chamou a atenção de equipes da F1.

Tanto, que ele não tinha nem um ano completo de experiência com carros de fórmula, em 2014, quando assinou o contrato com a Red Bull, escolhendo o programa da equipe em detrimento ao da Mercedes, que também o queria. O motivo? Helmut Marko ofereceu ao menino de 16 anos uma vaga de titular na F1.

A porta de entrada foi a Toro Rosso (hoje AlphaTauri), mas logo Jos pressionou a Red Bull para que Max subisse para o time principal, o que aconteceu no GP da Espanha de 2016, depois que a temporada já tinha começado. Ele correspondeu logo de cara e venceu a corrida, batendo inúmeros recordes naquele dia, mas os últimos anos coincidiram com o domínio da Mercedes, o que fez Verstappen, em suas palavras, ficar “entediado sendo terceiro o tempo todo”.

Até que mudanças nas regras de 2021 deram a oportunidade para a Red Bull, e Max não desperdiçou sua primeira chance real de título na F1.

Red Bull

Mudança no regulamento permitiu ascensão da Red Bull

O fator mais decisivo para esse avanço da Red Bull aconteceu longe da fábrica da equipe em Milton Keynes, na Inglaterra. A pandemia fez com que a introdução de um novo regulamento técnico na F1 fosse atrasada em um ano. Com isso, os mesmos compostos de pneus seriam utilizados, e a fornecedora Pirelli temia que os carros ficassem rápidos demais para um produto que eles tinham desenvolvido em 2018. Então foi acertado um pacote que reduzia em 10% o nível de pressão aerodinâmica, a força que ‘gruda’ os carros na pista e permite que eles façam as curvas em alta velocidade.

Foram mudanças no difusor, no duto de freio e, principalmente, no assoalho, que acabaram ferindo mais os carros que tinham uma filosofia de rake baixo, ou seja, Mercedes e Aston Martin. O rake é a diferença entre a altura da dianteira e da traseira do carro em relação ao solo. Os demais times andam com a traseira mais elevada e dependem menos da pressão aerodinâmica gerada na parte do assoalho que foi cortada pelas regras. Isso explica por que a Mercedes perdeu terreno não apenas em relação à Red Bull, mas também à maioria do grid.

O time de Max Verstappen passou boa parte do campeonato do ano passado tentando entender por que às vezes colocava no carro peças novas que não funcionavam, e por que o carro era difícil de pilotar em algumas situações. A equipe se tornou um moedor de pilotos nos últimos anos, uma vez que só Verstappen conseguia se entender com o carro.

No final do ano, a situação já tinha melhorado bastante, e o veículo da atual temporada foi uma evolução, com tudo o que foi aprendido em 2020 sendo aplicado. E as rodadas, que eram comuns nos últimos campeonatos, viraram raridade.

O carro ficou mais nos trilhos e também ganhou mais potência: mesmo estando de saída da Fórmula 1, a Honda não poupou esforços para entregar o melhor produto possível ao cliente, e decidiu tocar o programa que seria para a unidade de potência de 2022 com um ano de