Cruzeiro do Sul, Acre, 26 de abril de 2024 00:40

Coluna Política Pimenta no Reino 12-05-2018

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Prisão de secretário é mais um fato banal numa grande rede de imposturas

Da pequena transgressão à lei aos grandes esquemas de corrupção, todos somos, de uma forma ou de outra, culpados pelo drama em que vivemos

Espanador

Sem qualquer demérito para a parcela da magistratura que tem primado pela prevalência das leis, ou dos representantes do Ministério Público empenhados em investigar tantos e tão escabrosos desmandos, passando pela atuação imprescindível da Polícia Federal e dos órgãos de controle do estado, a faxina ética que imaginávamos estar em curso no país não passa, na verdade, da ação de um espanador a desempoeirar as superfícies.

Do maior ao menor

A prisão do secretário de Agricultura do município de Rodrigues Alves, flagrado pela Polícia Federal a usar um caminhão da prefeitura para transportar madeira que a ele pertencia, pode parecer café pequeno diante de notícias estarrecedoras – a exemplo da pilhagem das estatais brasileiras nos governos Lula e Dilma, conluiados, ambos, com partidos da base aliada e também com políticos de diferentes colorações ideológicas.

Proliferação

Some-se o fato protagonizado pelo secretário de Rodrigues Alves àquele outro, que resultou na prisão do também secretário da prefeitura de Tarauacá, e já temos dois exemplos de peculato – que vem a ser o uso ou a apropriação, por parte de servidor público, de bens ou recursos coletivos em proveito pessoal.

Generalizado

Lembremos ainda a prisão de prefeitos, ex-prefeitos e servidores públicos de vários municípios do estado, acusados de formação de quadrilha e participação em esquemas criminosos que tinham como finalidade desviar o dinheiro dos contribuintes.

Dos mais ricos aos mais pobres

E por todo Brasil, tanto faz se nos estados mais prósperos ou em municípios onde impera a miséria degradante, nossos representantes, tanto quanto os que a eles se subordinam, tratam de encontrar meios de tirar proveito de suas funções públicas para aumentar o patrimônio pessoal.

Fantasma

Das verbas destinadas à saúde ou à infraestrutura, passando por recursos que deveriam abastecer as despensas das escolas públicas com alimentos para estudantes pobres, eis que o espectro da corrupção nos assombra pela ausência de tudo aquilo que conferiria dignidade à nossa famigerada existência.

Jeitinho brasileiro

Enganam-se, portanto, aqueles que julgam que o problema reside na rapinagem das grandes quantias – cujos cálculos feitos pelos membros da Operação Lava Jato levam à estimativa de muitos bilhões de reais. Inclinados que somos, em termos gerais, a relevar os pequenos delitos, tendemos a condenar apenas os roubos de grande monta.

Substrato cultural

Nossa cultura, calcada na premissa de que só os trouxas não se valem das oportunidades na hora de auferir vantagens, vem a ser, no fundo, a grande responsável pelo drama em que vivemos no âmbito político, econômico e social deste país.

Os dois lados da moeda

A consciência disso, porém, não redime os enfatuados larápios da monstruosidade dos seus crimes. E a gravidade de tais transgressões tampouco nos concede o direito de delinquir nas coisas mínimas.

Aplicação de médio prazo

Tão longo preâmbulo se destina a lembrar ao leitor que a aproximação das eleições pode tanto nos elevar de patamar na história, como nos fazer descer ainda mais fundo no poço das desgraças. A terceira hipótese é que nossas decisões políticas mantenham tudo exatamente como está. Daí a necessidade do acerto na hora de votar – mas não fiados na sorte, como fazem os apostadores, mas sob a rigorosa análise das possibilidades e dos riscos, como fazem os investidores experientes.

Reflexão

O jornalismo, por vezes, envereda pelos caminhos do óbvio – o que acaba por lhe desvirtuar a missão principal, que é a de informar algo que o público desconheça ou esclarecer possíveis dúvidas sobre assuntos relevantes e complexos.

Jornalismo e obviedade

Vejamos o caso de uma matéria segundo a qual a vereadora de Tarauacá Janaína Furtado (Rede Sustentabilidade) haverá de fazer uma campanha com poucos recursos, em sua pretensão de chegar ao governo do estado.

Expressão do notório

“Vamos fazer uma campanha franciscana. Não temos muita estrutura, mas vamos [disputar as eleições} mesmo assim”, disse ela. Ora, onde reside a novidade na presente questão? E em não havendo nenhuma, qual outro fator poderia justificar a publicação, tendo como base o interesse do leitor?

Leitura dinâmica

Notícia mesmo seria se a Rede anunciasse um aporte milionário capaz de fazer de Janaína figurar entre os protagonistas destas eleições, ao invés de seguir como coadjuvante, conforme nos leva a concluir a obviedade dos fatos já conhecidos pela maioria de nós.