O vereador Gilvan Souza (PCdoB) foi indiciado por violência política contra a mulher após ofender de forma machista e proferir ameaças contra a parlamentar Eliane Abreu (PP) durante uma sessão extraordinária na Câmara do Bujari, no interior do Acre, no último dia 27. Na época, segundo Eliane, o colega parlamentar chegou a dizer que a agrediria.
A parlamentar afirma que, durante a discussão de um projeto que retiraria o pagamento de gratificação a servidores municipais, ao qual ela era contrária, Gilvan Souza teria iniciado as ofensas. A parlamentar tentou contra-argumentar e a discussão seguiu até o momento que o vereador partiu para agressão verbal.
“Eu tentei com argumentos técnicos, mas não adiantou, ele dava socos na mesa. Depois de muitos socos na mesa, palavras de baixo calão e intimidação, ele partiu pra agressão e disse: ‘eu vou te quebrar’”, relatou a vereadora.
Segundo Eliane Abreu, o parlamentar apresentava sinais de embriaguez e só não conseguiu efetuar as agressões físicas porque foi contido por outro colega. Ela fez um boletim de ocorrência tanto na cidade do Bujari , como na especializada em Rio Branco.
10 pessoas ouvidas
O delegado Bruno Coelho, que investiga o caso, disse que, ao todo, 10 pessoas foram ouvidas durante a condução do inquérito, que foi aberto ainda no dia 31.
“Juntamos ao procedimento o áudio de parte da sessão, onde colhemos indícios de materialidade do crime de violência política contra a mulher. O inquérito foi finalizado e encaminhado ao poder judiciário e representamos por medidas cautelares para resguardar a integridade física, psicológica e moral da vereadora”, destaca.
Agora, o Ministério Público deve analisar a investigação e oferecer ou não a denúncia contra o parlamentar.
“Caso seja comprovado que houve o crime, o investigado deve ser punido nos rigores da lei. Crime dessa natureza é extremamente grave, precisa de uma atuação das forças de Segurança, Ministério Público e Judiciário, de forma eficiente, rápida e eficaz, afim de que não ocorra mais crimes assim no estado. É até uma forma de deixar claro, como exemplo, que essa prática não é mais aceita em lugar nenhum e da mesma forma não será aceita no município do Bujari.”
‘Cabeça tranquila’
Diferente do que o delegado afirmou, de que o áudio da sessão e a oitiva das testemunhas confirmam o ato criminoso, o vereador diz que está confiante e que os fatos narrados pela colega parlamentar não são confirmados pela provas.
“Em nenhum momento aconteceu isso. Agora o Poder Judiciário que vai analisar a situação e estou muito tranquilo, com a cabeça tranquila, cabeça erguida. A gravação do áudio que existe da sessão está na mão da polícia, está no Poder Judiciário e a verdade virá à tona e tenho certeza que vem muito rápida”, disse.
Questionado se reconheceu o erro na forma de se expressar ou se desculpou com a vereadora, o parlamentar disse que não errou em nenhum momento da sessão.
“Não me desculpei, porque não aconteceu os fatos que ela narrou, a imprensa está como um rolo compressor, mas tenho a cabeça tranquila do que aconteceu. Estou pronto para responder e com a cabeça tranquila”, finaliza.
Caso não é inédito
Em 2021, a vereadora também chegou a apresentar uma denúncia semelhante contra Gilvan Souza. Durante uma sessão, ele a teria ofendido e ela prestou queixa. O fato acabou sendo resolvido dentro do código de ética da casa e o processo foi concluído com um pedido de desculpas.
“Sempre que há uma discussão, eu me coloco dentro da lei. Isso irritava ele e eu sentia essa rispidez. Da outra vez, ele me xingou, usou palavras bem ruins. Eu fui na delegacia, prestei queixa. No decorrer do processo, o presidente nos chamou para uma reunião e disse que tomaria uma providência dentro do código de ética. Ele [Gilvan Souza] me pediu desculpas e eu aceitei”, contou ao g1.