Cruzeiro do Sul, Acre, 26 de novembro de 2024 16:22

Estudante de medicina é acusado de bater em ex-namorada e mantê-la em cárcere privado no interior do Acre

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O estudante de medicina Diego Nunes (29), da Universidade Federal de Pando na Bolívia, é acusado por sua ex-namorada e colega de curso Luana Rose da Costa Nunes, 35 anos, por crimes como lesão corporal, violência doméstica e cárcere privado.

Luana Rose é a vítima. Ela contou na delegacia de polícia ter apanhado muito e ter sido submetida a humilhações dentro de seu próprio apartamento, em Epitaciolândia, durante várias horas, trancada por seu agressor.

Ele, não satisfeito, em posse do celular da vítima, olhou mensagens privadas, assim como também apagava sua lista de amigos no Facebook, WhatsApp e Instagram.

A vítima foi socorrida por amigos após Diego ter se ausentado do apartamento. Ela relata que o homem a manteve por mais de 10 horas sob terror.

Na delegacia, após exames de corpo de delito, foi comprovado as agressões. Envergonhada, a jovem resolveu se esconder de familiares e amigos.

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Mas essa não é a primeira vez que Diego Nunes comete crimes de violência doméstica, garante outra ex-namorada dele. A segunda vítima é Débora de Souza Silva, 25 anos. Ela é natural de Tarauacá. Débora relatou que Diego foi seu namorado por oito anos na época em que ela ainda era adolescente, com apenas 16 anos.

Débora conta que o conheceu através da rede social Facebook, e desde então eles começaram a namorar. Diego era explosivo, diz.

“Me lembro bem que no nosso primeiro momento junto ele já foi agressivo comigo, e eu achei que fosse normal, fiquei com medo, mas como eu gostava muito não liguei, depois ele me pedia desculpas e ficava tudo bem , e assim seguiu namoramos por oito anos”, disse Débora ao Notícias da Hora.

Ela diz que Diego lhe batia muito, a agredia de todas formas possíveis. Débora, que morava na época em Tarauacá, se deslocava para Epitaciolândia onde ele estudava medicina. Ela relembra as agressões sofridas e afirma que o homem é ciumento, agressivo e manipulador.

ESPAMCA

“Ele chegou a me deixar sozinha dentro do apartamento trancada para dormir com outra mulher e na manhã seguinte ele chega em casa valente me agredindo porque a mulher tinha me procurado, uma outra vítima dele de violência. Ele me batia com o que tivesse nas mãos e até mesmo na frente da família dele que nunca se metia por medo dele. Me lembro que uma vez ele ligou o ar-condicionado no último e foi dormir com edredon na cama e me deixou dormindo em uma rede fria com lençol fino. Eu não consegui dormir à noite com frio e chorando. Ele tinha prazer em me judiar, ele me agredia quando eu começava a chorar. Muitas vezes ele me sufocava com travesseiro pra ninguém ouvir meus choros e pedido de ajuda”, relata

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“Gritei por socorro, mas ele disse que se eu gritasse quebraria todos os meus dentes”, conta vítima de Diego

Notícias da Hora entrou em contato com Luana, a primeira estudante agredida, conforme registra o ínicio da reportagem. Ela enviou um depoimento das horas de terror vividas enquanto estava com Diego Nunes em seu apartamento.

Leia a íntegra do relato de Luana Rose:

– Namoramos desde 2019, e em março de 2021 terminamos definitivamente… Ele foi fazer o internato dele em Boca do Acre e eu fiquei aqui, na minha, vivendo minha vida. Ele ficou com outras mulheres pra lá, depois veio me pedir perdão, disse que me amava e que não queria outra pessoa na vida dele, que não via o futuro dele sem que eu estivesse, que queria construir uma vida comigo, uma família, etc… E como eu não me envolvi com ninguém, porque não me permiti mesmo, até que eu queria, mas não conseguia.

Acabei cedendo às insistências dele de voltar, e resolvemos que quando ele voltasse, conversaríamos, pra fazer as coisas diferente, pra tentar dar certo, porque do jeito que já tínhamos vivido não tinha dado. moramos juntos por um ano e meio, mais ou menos. Já tinha tido desgaste demais. Então agora no final de outubro, ele voltou de Boca do Acre, mas eu tive que ir pra Porto Velho, acompanhar minha mãe no tratamento dela. Quando voltei, fui para Epitaciolandia, ele foi também, e lá disse que teríamos que pensar no futuro, e queria ficar morando comigo… A gente montava um negócio, e viveríamos bem. Enquanto eu terminava a faculdade e ele estudava pro revalida. Eu falei que não era assim, que não tínhamos combinado isso, eu queria fazer as coisas com calma, não queria mais morar junto com ele, sem casar, sendo só namorados, até porque tínhamos passado o ano todo praticamente longe, tínhamos muitas coisas a consertar, se fosse pra ficar juntos.

E foi por isso que ele se irou e veio pra cima de mim. Eu tava sentada no sofá estudando, ele tomou o notebook das minhas mãos, jogou no chão. E começou a me agredir.

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Do nada…. Apenas porque discordei dos pensamentos dele.

Ele fechou a porta do apartamento, retirou a chave, quando eu tentei correr pra porta, ele me puxou pelos braços me jogou no sofá, eu consegui pegar a chave, mas não conseguia abrir a porta porque ele não permitia. Gritei por socorro, ninguém me ouviu, ele tampou minha boca e disse que se eu gritasse quebraria todos os meus dentes. Eu só consegui abrir a porta umas 17:30, mas não consegui sair porque não tive espaço. Nem pra correr e pedir socorro. Ele me alcançaria.

Eu fiquei lá deitada, pedindo a Deus que me tirasse dali, que aparecesse alguém, que alguém sentisse minha falta. Mas não apareceu ninguém. Ele pegou meu celular, revisou todas as minhas redes sociais, WhatsApp, Telegram, pra ver se tinha mensagem, curtidas, de alguém que ele achasse que eu estaria “dando moral”, pra que ele continuasse me agredindo, procurou um motivo, mas não encontrou. Depois ficou me torturando psicologicamente, me impedindo de falar, dentro da minha própria casa, depois à noite, ele falou que ia para casa da irmã dele, e eu falei que vinha pra casa dos meus pais, fui arrumar minhas coisas e enquanto eu fazia a mala, ele foi até a cozinha, pegou um arroz de 5 kg espalhou pelo apartamento todo, depois farinha, as frutas ele jogou no chão e pisou em cima. E eu tive que limpar, ele deitou do lado do meu celular pra que eu não tirasse foto, e eu fui limpar, porque era minha casa, e minha mãe ia voltar comigo pra lá.

Mas as marcas estão nas paredes ainda. Ele ficou deitado esperando eu terminar de limpar dez horas da noite, depois disse que não ia mais embora naquele dia porque a irmã dele tinha mudado de casa e ele não sabia ao certo onde era.

E dormiu lá no apartamento, eu tava tão exausta que eu só queria deitar e dormir, esquecer tudo aquilo que passei. E depois disso tudo ele veio falar como se nada tivesse acontecido, fazendo planos pro futuro. Na sexta amanheceu chovendo, e eu no desespero para que fosse embora da minha casa, me sujeitei a ir levar ele na casa da irmã dele em Brasileia. Fui lá deixei e vim para a casa dos meus pais, em choque com tudo que vivi no dia 11/11/2021 – quinta feira a partir das 15 horas.

Luana Rose veio para Rio Branco, onde está sob cuidados médicos e protegida por amigos.

Acusado não foi encontrado

A reportagem tentou ouvir o estudante de medicina Diego Nunes pelo seu WhatsApp, o 68 9250 **38, mas até o fechamento desta matéria ele não havia se manifestado.