Ucrânia usou encenação para acusar Rússia de tentar assassinar o opositor Arkadi Babchenko, mas agora enfrenta críticas da comunidade internacional

O jornalista russo Arkady Babchenko, que havia sido dado como morto, concede uma coletiva de imprensa pelo serviço de segurança do estado ucraniano em Kiev
Sangue de porco, disparos em uma camiseta e até ida ao necrotério fizeram parte do plano para simular a morte do jornalista russo Arkadi Babchenko na Ucrânia. Na quarta-feira (30), o jornalista apareceu em uma conferência de imprensa para revelar que simulou sua própria morte para evitar um suposto assassinato por parte da Rússia.
Para encenar a morte do jornalista, agentes secretos ucranianos usaram sangue de porco para parecer que era o dele, fizeram disparos em sua camiseta e até mesmo o levaram ao necrotério.
A moralidade da atitude foi criticada por organizações internacionais, enquanto o presidente ucraniano, Petro Poroshenko, qualificou de “brilhante” a operação dos serviços secretos do seu país. “Ontem, pela televisão, vimos o resultado de uma brilhante operação executada por heróis do Serviço de Segurança da Ucrânia (SBU)”, disse Poroshenko em mensagem transmitida pela TV local.
Na terça-feira (29), a agência estatal ucraniana de notícias, Ukrinform, noticiou que Babchenko havia sido baleado nas costas e morrera na ambulância. A agência ainda citou um amigo do jornalista como testemunha e informou que sua esposa o encontrara caído em seu apartamento.
Na encenação, o primeiro-ministro ucraniano, Volodymyr Groysman, acusou a Rússia de ter perpetrado a morte, enquanto o porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov, criticava a Ucrânia por não ser um local seguro para jornalistas.
O jornalista crítico do Kremlin, que deixou a Rússia há um ano e meio depois de ser ameaçado de morte, admitiu que cooperou no último mês com a inteligência ucraniana após ser advertido sobre um suposto complô para o seu assassinato, que devia acontecer pouco antes da final dos Liga dos Campeões, no último dia 26.
(Com Estadão Conteúdo e EFE)
fonte:Veja.com